OPERAÇÃO FOGO AMIGO

Loja de armas vendia munições de fuzil para facções em Arapiraca, diz PF

Policiais militares tiravam parte do valor e devolviam o restante para o estabelecimento
Por Redação 27/05/2024 - 22:34

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Ascom MP/BA
Armas e munições apreendidas pela operação
Armas e munições apreendidas pela operação

Uma investigação da Polícia Federal (PF), no âmbito da “Operação Fogo Amigo”, apontou que a loja de armas “Comercial Taurus”, localizada em Arapiraca, Alagoas, usava policiais militares da Bahia para vender grande quantidade de munições, inclusive de fuzis, para criminosos faccionados. A informação foi passada pelo delegado da PF Rodrigo Motta de Andrade ao portal GazetaWeb nesta segunda-feira, 27.

Foi baseado nessa investigação que, na última sexta-feira, 24, o juiz Eduardo Ferreira Padilha, da 1ª Vara Criminal da Comarca de Juazeiro, na Bahia, negou pedido de liberdade para o dono da Comercial Taurus, o empresário Eraldo Luiz Rodrigues.

Sobre a investigação, o delegado contou que alguns policiais militares compravam muitas munições, mais do que era permitido, e depois vendiam essas munições com margem de lucro para integrantes de facções. Motta explica também que as lojas investigadas vendiam munições de todos os calibres para pessoas que não possuem armas registradas, bem como calibres diversos das armas que os adquirentes possuem. Mesmo sem apresentação do CRAF [Certificado de Registro de Arma de Fogo].

A estimativa da PF é de que o grupo criminoso vendia uma média de 20 armas e 10 mil munições de variados calibres por mês. O delegado contou ainda que o esquema criminoso foi descoberto depois da deflagração de outra operação em junho de 2023.

“A partir de celulares analisados foi possível identificar intermediário de venda de munição e armas para os faccionados que foram alvos da referida operação. Um investigado que trabalhou em uma loja de venda de armas e munições em Juazeiro/BA, e estava preso, procurou a Polícia Federal e o Ministério Público querendo fazer Acordo de Colaboração Premiada. O que foi feito e a trama criminosa foi descoberta com riqueza de detalhes." disse.

Rodrigo Motta pontuou que, a fim de esclarecer os fatos, foram quebrados, com autorização judicial, sigilo telefônico, telemático, análise de Relatório de Inteligência Financeira e outras técnicas de investigação.

Operação fogo amigo

A operação "Fogo Amigo" faz referência a policiais envolvidos em uma organização criminosa que vende armas e munições ilegalmente para membros de facções, que acabam utilizando esses equipamentos contra os próprios agentes de segurança pública.

A operação atua com 325 policiais federais e grupos táticos da PF/BA, Gaecos baiano e pernambucano, PM da Bahia e Pernambuco, PC/BA e do Exército. A organização é especializada na venda de armas e munição ilegais para facções de Alagoas, Bahia e Pernambuco


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